Quando a vida já não vale a pena!!
Porquê prolongá-la??
A nossa vida é uma luta constante pela sobrevivência, lutamos por tudo aquilo que achamos que temos direito (ou não!), mas esquecemo-nos que o mundo não pára, continua a rodar a alta velocidade, e que a velhice se aproxima a passos largos, sem termos tido tempo (por isto ou por aquilo) de viver intensamente, de realizar todos os nosso sonhos.
Há 4 meses a esta parte e, por força das circunstâncias, os meus finais de tarde são a caminho do lar, para visitar a D. Ivone (a minha sogra). Tenho convivido de perto com uma realidade, que estava longe de imaginar, mas que é muito triste.
Eu não me consigo imaginar naquela situação.
NÃO QUERO CHEGAR A ESTA SITUAÇÃO!
Viver assim, não é nada... é pura e simplesmente ficar sentado à espera da morte, já nada faz sentido.
Os lares, por muito bons que sejam, são depósitos de pessoas, que dificilmente sairão de lá com vida, pessoas que vão perdendo cada dia mais faculdades, cada vez ficando mais dependentes, e tristes.
Há os que não tem consciência e tanto lhes dá, estarem ali, ou noutro sitio qualquer, mas há outros muito lúcidos, que se vêem morrer todos os dias um bocadinho, sem sequer terem a familia por perto, porque não aparece lá ninguém. Ficam contentes quando nos vêem, devemos (eu e o meu marido) ser os únicos a ir lá todos os dias, tentamos falar um bocadinho com todos, contamos como vai o mundo cá fora, e deixamos palavras de conforto, ouvimos tudo o que tem para nos contar.
A D. Maria é uma velhota com 92 anos, Alentejana, com um sotaque maravilhoso, que me faz lembrar a minha avózinha, tem uma lucidez melhor do que a minha, o maior problema dela é a falta de visão, aos poucos fui-me aproximando dela, para me contar sobre a D. Ivone (que não fala), gosto muito de falar com ela, de lhe fazer festinhas, quando está mais em baixo, a minha vontade é sentar-me no colinho dela e dar-lhe muitos abracinhos. Eu vou sofrer quando ela partir!! Já sinto tanto a falta dela...o mês passado, as filhas dela resolveram mudá-la para outro lar, agora em vez de um lar, tenho que passar a visitar dois.
Porque é que a vida tem que ser assim?
2 comentários:
Um beijinho, querida Gracita. Que ao menos esses momentos agradáveis se prolonguem. E quanto ao resto, não vale a pena pensarmos muito... Há realmente coisas que não têm justificação. São estupidamente assim. Temos de nos agarrar às coisas boas. Um beijinho.
Obrigada querida Janine, beijinho grande com muitas saudades.
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